Todas as vezes quando ouvimos falar em preguiças, pensamos em animais lentos, arborícolas, habitantes das matas úmidas, como a floresta atlântica ou amazônica. Já quando ouvimos falar em preguiças gigantes, sempre vêm às nossas mentes as enormes espécies de preguiças terrícolas, como o Eremotherium ou o Megatherium.
Entretanto, se enganam as pessoas que pensam que todas as preguiças gigantes eram realmente GIGANTES. Algumas espécies, como o Nothrotheriun maquinense, a qual falaremos mais nesta postagem, chegavam a ser "nanicas", se comparadas aos seus primos próximos.
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Reconstituição artística da espécie ‘Nothrotherium maquinense’, que teria vivido no Brasil até 11 mil anos atrás (ilustração retirada do site do Instituto Ciência Hoje, cedida por Cástor Cartelle). |
Pertencente ao grupo Megatheroidea, Nothrotherium maquinense, até pouco tempo era tido como o única representante do seu gênero. Porém, no ano de 2001 uma espécie descrita por Reinhardt em 1878, N. escrivanense, teve sua revalidação. Ambas as espécies ocorreram exclusivamente no Brasil.
Etimologicamente, o nome do gênero, Nothrotherium, significa: "animal lento" (do grego, "nothros"= lento, preguiçoso, e "therios"= mamífero, animal, besta). Já o nome da espécie foi dado em alusão à Gruta de Maquiné (MG) onde foram encontrados os primeiros restos dessa preguiça extinta.
Esse gênero, assim como seu "grupo-irmão" (Nothrotheriops), apresentavam um tamanho significativamente menor do que as "verdadeiras" preguiças gigantes (notavelmente Megatherium e Eremotherium).
Descrita por Peter Lund, N. maquinense possuía o tamanho aproximado de uma ovelha de 50 Kg (em média 80 cm de altura e 150 cm de comprimento), o que levou o mesmo a hipotetizar que N. maquinense possuísse os mesmos hábitos alimentares das preguiças arborícolas atuais, sendo capazes portanto, de subir em árvores.
Além da questão dimensional, outra coisa suporta essa hipótese: a sua anatomia. Tudo parece indicar que N. maquinense fosse capaz de escalar: o grande comprimento de suas garras estreitas e a força de sua cauda, aliados à torção do plano de articulação de suas patas traseiras.
Anatomicamente, N. maquinense era singularmente 'primitivo' se comparado à outras espécies de preguiças, pois tinha cinco dedos nas mãos e nos pés (fato raro nesse grupo, que em geral tem número de dedos reduzidos) e apenas 14 dentes (oito deles superiores).
Acredita-se que esse animal viveu entre, aproximadamente, 30 a 18 mil anos atrás durante o Pleistoceno nas áreas que atualmente equivalem aos estados de Minas Gerais, Bahia e São Paulo.
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Feto fossilizado da preguiça ‘Nothrotherium maquinense’ – chamado de ‘bebê-maquiné’. (foto: Bruno Garzon, retirado do site do Instituto Ciência Hoje) - Leia mais sobre isso AQUI. |
Um fato interessante é que essa espécie pode ser tratada como um animal-fóssil de valor histórico-social-científico para a paleontologia Brasileira, pois, se trata do primeiro achado fóssil de Peter Lund - o pai da Paleontologia brasileira.
Referências Bibliográficas:CARTELLE, C., 2000. Preguiças terrícolas, essas desconhecidas. Ciência Hoje, 27(161): 18-25.
http://www.latec.ufrj.br/dinosvirtuais/catalogo/nothrotherium_maquinense.html
Leia mais:
Bebê-maquiné: um achado singular:
http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2013/310/bebe-maquine-um-achado-singular
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