Até outubro deste ano, 400 máquinas de preservativos deverão estar disponíveis nas escolas da rede pública. As máquinas já estão sendo construídas por duas escolas técnicas, informou o diretor adjunto do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, Eduardo Barbosa.
"A expectativa é de que todas as escolas públicas tenham pelo menos uma máquina", disse Barbosa. "No final deste ano, iremos avaliar o uso e a adequação no ambiente escolar, práticas de informação e orientação em torno disso". Ele explicou que o funcionamento da máquina de preservativo é semelhante ao de uma de refrigerante. O aluno vai ter uma senha ou ficha que será disponibilizada pela escola para retirar sua cota semanal de camisinha. A distribuição é gratuita.
Desmistificacão
Para Barbosa, a máquina vai atender as reivindicações dos jovens que apontaram essa forma de distribuição como menos constrangedora, já que não é necessário dar explicações cada vez que for retirar a camisinha. Para Miguel Fontes, coordenador da John Snow Brasil, consultoria especializada em marketing social, com sede em Boston (EUA) e mais de 100 projetos desenvolvidos para a transformação social e a melhoria da qualidade de vida, "as máquinas de preservativos na escola influenciam no debate sobre sexualidade responsável".
Fontes acredita que a inciativa também contribui para a desmistificação do preservativo como um produto essencial na vida das pessoas. "Sexo deve ser considerado como algo normal e parte integral do bem-estar da vida das pessoas, sejam jovens, adultos ou idosos", afirma.
Sexualidade saudável
Um estudo realizado pela Durex Network sobre sexualidade humana em 26 países, incluindo o Brasil, confirmou que quanto mais cedo for a educação sexual mais preparados e confiantes os indivíduos estarão para exercitar uma sexualidade saudável.
"No caso de crianças (antes da puberdade) alguns cuidados são necessários, como a adaptação da linguagem e discurso lúdico, para que não haja uma imposição de questões que apenas precisam ser consideradas após alguns anos de vida", diz Fontes.
"No entanto, assim como acontece para os comportamentos de trânsito seguro, reciclagem de lixo e consciência social, quanto mais cedo houver uma abordagem humana sobre essas questões, o indivíduo se torna mais próximo desses comportamentos, culminando com hábitos saudáveis para toda sua vida", completa o consultor.
Prevenção
O estudo da Durex Network também afere que pessoas que foram expostas a educação sexual aos 10 anos de idade são significativamente mais confiantes em relação a prevenção das DSTs, prevenção de gravidez indesejada, satisfação sexual e fontes de informação/educação sexual.
"No Brasil, a tendência é exatamente a mesma. Sendo assim, a máquina de preservativos nas escolas oferece a oportunidade de maior acesso a esse precioso bem de saúde pública", ressalta Fontes. "Uma única restrição seria a privacidade dos jovens na hora de pegar o preservativo na máquina", completa.
Em princípio, cerca de 1.500 instituições que fazem parte do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) receberão as máquinas. "Mas por meio de um processo de adesão, cada escola deve fazer sua solicitação", explica Eduardo Barbosa. (Fonte: Yahoo Notícias)