Ensino médio Inovador e integrado ao técnico
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Ensino médio Inovador e integrado ao técnico


Sistema de ensino de Joinville testa propostas do Ministério da Educação na tentativa de renovar uma das áreas de ensino que mais registra desistência de alunos


O ano letivo começou há uma semana na rede pública, mas uma discussão sobre o novo modelo de ensino médio promete ser uma das principais pautas do ano na educação.

Em Joinville, há pelo menos dois modelos sendo testados: um no Cedup e outro em duas escolas da rede estadual – o Brasil Profissionalizante e o Ensino Médio Inovador, criados pelo Ministério da Educação (MEC).

As mudanças no currículo e no modelo do ensino médio têm um objetivo: evitar os altos índices de evasão escolar entre os adolescentes. Na maior cidade do Estado, por exemplo, 5,86% dos jovens entre 15 e 17 anos saíram da escola em 2008. Em alguns bairros, como no Vila Nova, o número está acima dos 15%. Na mesma faixa de idade, a taxa de adolescentes que abandonou definitivamente os estudos naquele ano também era alta: 18,85%.

Para contornar esses números, é meta dos governos federal e estadual apostar em um ensino diferente. No começo do ano, o ministro Fernando Haddad anunciou que o ensino médio integrado com o profissionalizante é uma das grandes esperanças da equipe de especialistas do MEC.

A ideia de o aluno cursar o ensino médio em um turno e fazer o ensino técnico em outro requer formação de professores, parcerias com governos e prefeituras e altos investimentos em infraestrutura nas escolas.

Na região Norte, um modelo parecido foi implantado no ano passado em São Francisco do Sul e em Itapoá. Neste ano, começará a funcionar no Cedup, em duas turmas: técnico em marketing e técnico em qualidade.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, já apresentou um projeto à presidente Dilma Rousseff, que deu sinal verde para encaminhar a proposta à equipe econômica. Na avaliação do ministro, mesmo com a ampliação do número de escolas técnicas federais no governo Lula, o avanço é pequeno na integração do ensino médio com o técnico. “O ensino médio precisa de uma injeção de ânimo muito forte”, afirmou.

Ainda não há definição de custo estimado nem como seria a aplicação da medida. Haddad disse que, além das 354 escolas técnicas federais, poderiam participar do projeto mais 500 escolas do Sistema S (Senac, Senai, Sesc etc) e mais 500 do Programa Brasil Profissionalizado (200 a serem criadas). A carga horária complementar seria composta por disciplinas relacionadas ao curso escolhido mais atividades de esporte e cultura.

O ensino técnico é restrito no País, porque faltam vagas. Enquanto 8,3 milhões cursam o ensino médio, 861 mil fazem o profissionalizante, o equivalente a 10,3%. Dos que estão no nível técnico, 60% começaram depois de terminar o médio.

Para alterar o quadro, o governo terá um desafio pela frente. Em média, cada escola federal oferece 1,2 mil vagas, número insuficiente para atender à demanda. Em algumas unidades, a concorrência é muito acirrada. No Estado, são 1,6 mil estudantes matriculados no ensino médio integrado do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC), que oferece 422 vagas nesse modelo. No último processo seletivo, o curso mais concorrido foi o de edificações – 15,53 candidatos para cada uma das 32 vagas oferecidas.


Preparação para o mercado


A partir deste ano, Joinville vai ganhar dois cursos de ensino médio integrado ao ensino profissional. As aulas dos cursos técnico em marketing e técnico em qualidade serão oferecidas no Cedup, mas ainda não está definido se irão começar no primeiro ou no segundo semestre. Serão cerca de cem vagas.

Segundo a consultora educacional da gerência regional de Educação, Angela Cristina da Silva, um modelo parecido foi implantado em Itapoá e em São Francisco do Sul no ano passado, quando duas escolas passaram a formar técnicos em logística portuária e em comércio. “Os cursos foram discutidos com a própria comunidade, levando em conta o mercado”, reforça a consultora.

O ensino médio integrado tem quatro anos de duração. A proposta é aliar as disciplinas do currículo convencional (como português e matemática, por exemplo) ao ensino específico voltado para a profissão. “Com isso, estamos dando uma oportunidade para que as pessoas saiam com uma qualificação para o mercado de trabalho.” A iniciativa faz parte do Programa Brasil Profissionalizado, criado pelo MEC. [Fonte: AN]


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Especialista Critica Modelo


O economista e especialista em educação Claudio de Moura Castro avalia como equivocada a proposta do Ministério da Educação (MEC). Para ele – autor de vários livros e artigos sobre o assunto e considerado um dos maiores estudiosos sobre educação no Brasil –, o projeto ignora décadas de história e pesquisas na área. Integrar não seria a solução dos problemas do ensino médio, que, na opinião dele, está encolhendo por ser “chato e sobrecarregado de matérias”.

“Aprendem-se coisas cujo uso, se é que existe, nem os professores sabem. Isso tudo em uma idade de transição, de grandes terremotos interiores e pouco interesse por assuntos teóricos e abstratos”, critica. O especialista defende que a reforma do médio requer outros caminhos, que não passam pela integração com o técnico. “Ela exige reduzir o número de matérias e, mais ainda, os conteúdos dentro de cada uma. Requer mais aplicação. Ser mais prático não significa ser voltado para um emprego ou ocupação. Significa que a teoria deve ser exercitada em aplicações no mundo real”, ressalta.

Além disso, ele argumenta que o ensino técnico tem um custo elevado. “São escolas muito caras, têm quase custo de universidade federal, que, por sua vez, custam o mesmo que a média da Europa. Não há recursos para a expansão que seria desejável no setor público.” [Fonte: AN]

Santa Catarina Quer Mais Tempo


O secretário de Estado da Educação, Marco Tebaldi, considera a proposta do ministro Fernando Haddad um avanço. No entanto, a integração do ensino médio com o técnico em Santa Catarina não deverá sair nessa gestão, de acordo com Tebaldi. “Precisamos adequar as condições do Estado. Vamos caminhar para isso, preparando para que, na próxima gestão, isso já aconteça. É algo para os próximos anos “, observa.

Mas 16 escolas estaduais catarinenses, além das duas de Joinville, já testam o Ensino Médio Inovador – o modelo já foi implantado em 354 escolas de 18 Estados brasileiros.

Tebaldi lembra que, em sua gestão como prefeito de Joinville, foi implantado um modelo como o proposto pelo MEC, no qual os alunos vão às aulas do ensino médio num período e, no outro, frequentam a escola técnica. No fim de três anos, o estudante sai formado como um técnico também. “A implantação desse modelo contou com o apoio do setor privado de metal-mecânico. A Prefeitura ficou responsável por oferecer o terreno e os professores e eles fizeram o complemento.” [Fonte: AN]




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