eu, Aryel, resolvi criar uma postagem a respeito da quantidade de espécies de dinossauros já descobertas em nosso país. Se analisarmos, a África possui mais achados do que a gente; mas por quê isso ocorre? Intrigante, não é mesmo? Porém, temos respostas!
Na Argentina são conhecidas mais de 100 espécies de dinossauros, enquanto no Brasil o número é menor que 50 espécies! Por qual motivo isso ocorre? O que a Argentina tem que o Brasil não possui?
Existem muitas razões para explicar a grande diferença entre o número de espécies de dinossauros do Brasil, com a de outras localidades. Eu usarei o nosso país vizinho, ou melhor, rival... como ajuda para explicar do melhor modo possível sobre tal diferença. Primeiramente irei comentar sobre a disponibilidade das rochas de diferentes períodos da era Mesozoica (Triássico, Jurássico e Cretáceo) entre ambos países.
Na América do Sul existem mais de 12 espécies de dinossauros triássicos na Argentina e mais de 6 no Brasil. Este número baixo de espécies se dá por dois motivos. O primeiro é que os dinossauros durante o Triássico são raros, isso já sabemos; e em segundo que a América do Sul durante este período foi totalmente prejudicada pelas condições climáticas ruins; e a falta de umidade neste território. Isso se deu pela junção de todos os continentes, formando assim a famosa
Pangea.
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Stratiosuchus capturando uma espécie desconhecida de saurópode. Paleoarte por Maurílio Oliveira, 2011. |
Quando a
Pangea se formou, o oceano só consegui trazer umidade em regiões próximas ao litoral, enquanto o centro do
mega continente era condenado por uma seca e pobreza florística - sim, a Argentina e o Brasil estavam neste exato local, triste não é mesmo? Então podemos concluir que ambos países não possuem tantas espécies, durante este período; mas este não é o principal fator. Vamos continuar!
Período Jurássico
Rochas do Jurássico podem ser abundantes na Europa e na América do Norte, porém, dinossauros deste período não são comuns aqui na América do Sul não. Mas a não existência de fósseis não significa que dinossauros vagavam por aqui. Certamente dinossauros, muitos, andaram por estas bandas neste período, porém as fontes fósseis ou as famosas
BACIAS SEDIMENTARES, são raríssimas aqui no Brasil!
Isso se dá pelas movimentações tectônicas. As placas continentais sul-americanas estavam se elevando naquela época, e não afundando sobre a água como deveriam, para assim haver o transporte de sedimento (conheça mais sobre as formações das bacias sedimentares, clicando aqui), que levaria assim à preservação de organismos, no caso, dinossauros!
Mas nosso rival, país aí do lado, possui alguns formações deste período - há 150 milhões de anos, este fora invadido por um imenso braço de mar. Milhões de anos mais tarde, o mar recuou dando origem a lagos e rios, permitindo o aparecimento de plantas apetitosas para os dinos herbívoros. Com a presença de rios, depósitos sedimentares acorreram, preservando assim esqueletos de dinossauros que viviam por ali.
Até o momento não existe uma espécie de dinossauro encontrada no Brasil, mas no país vizinho, na terra do Maradona, existem pelo menos mais de 7 espécies. Mas e no Cretáceo?
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Oxalaia quilombensis, o famoso espinossaurídeo que habitou a região do Maranhão durante o período Cretáceo. Paloearte por Maurílio Oliveira. |
Período CretáceoAgora não tem mais jeito, hein! Tem que ter rochas do Cretáceo aqui no Brasil! E por incrível que pareça... tem sim! São as rochas deste período que fazem a diferença. A grande maioria dos dinossauros cretácicos são da Argentina (de novo ela??), mas o Brasil possui uma quantidade significativa de espécies também. Mas o que as rochas da Argentina têm que as do Brasil não têm?
DINOSSAUROS, ora!Essa desigualdade se dá por muitos fatos e veremos eles a seguir.
PESQUISAS MAIS ADIANTADASOs pesquisadores argentinos começaram a escavar e a pesquisar bem antes que os brasileiros. O arqui-rival começou suas pesquisas 77 anos antes de o primeiro dinossauro ser descoberto no Brasil, ou seja, os argentinos procuram e estudam dinossauros bem antes que nós!
O CLIMA DO BRASIL NO CRETÁCEONo Brasil, os sítios paleontológicos deste período possuem ocorrências de dinossauros nas bacias sedimentares: Bauru, Araripe, São Luís-Grajaú e Paraná. Durante o Cretáceo, essas bacias sedimentares estavam recebendo sedimentos trazidos por rios ou pelo vento. Nestas mesmas áreas foram acumulados também restos de animais e plantas que viveram por ali.
Boa parte dos sedimentos foram depositadas em ambientes com clima predominante
semiárido! Com isso em certas épocas do ano haveria longos períodos de chuvas que iriam alagar as planícies dando a chance da vegetação se proliferar-se, atraindo os herbívoros que por fim atraiam os carnívoros. Porém a escassez também ocorria naquela época aqui no Brasil, condenando a flora e por fim a fauna.
O CLIMA DA ARGENTINA NO CRETÁCEOAo contrário do Brasil, lá prevalecia o clima subtropical úmido - graças as condições marinhas que avançaram no território argentino. Neste tipo de clima, existe uma normalidade de existência de regiões pantanosas, onde há um grande desenvolvimento de florestas, espécies diferentes de plantas, atraindo os nossos queridos dinossauros herbívoros e carnívoros.
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Ataque de dinossauros carnívoros na Patagônia, Argentina. Autor desconhecido. |
Podemos concluir então que o clima predominante em ambos países pode ter sido determinante para a diversidade tanto da flora quanto da fauna. Mas tem outra razão...
INTEMPERISMO NO BRASIL - UMA DÁDIVA PARA OS AGRICULTORES |
O solo brasileiro é rico, graças as condições intempéricas que o solo passou. Porém, para a paleontologia, não é muito bom não... |
Quem nunca ouviu dizer que o Brasil possui um dos melhores solos férteis do mundo? E realmente é verdade! O intemperismo são processos químicos e físicos que degradam as rochas quando expostas as condições da superfície. Com isso, o Brasil possui uma grande variedade de solo, o que é uma grande dádiva para o homem cultivar tudo que vê pela frente; mas é um paraíso infernal para a paleontologia!
O intemperismo é um grande inimigo dos fósseis, que acabam sendo degradados ou corroídos por causa deste processo, destruindo muitas vezes rochas que possuem fósseis de dinossauros. Infelizmente o Brasil está cheio de rochas intemperizadas...! A grande quantidade de solo afeta a coleta dos fósseis, consumindo muito dinheiro, suor e energia dos pesquisadores. Uma verdadeira caça ao tesouro por assim dizer.
ARGENTINA - UMA DÁDIVA PARA OS PALEONTÓLOGOSSerá que a Argentina que ganha em fósseis, vai ganhar a copa?! O clima lá é seco, assim não têm umidade o que não provoca muito intemperismo. Os fatores climáticos da Argentina, por sua vez, trazem um lento intemperismo, não provocando muito as rochas e seus fósseis.
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Já pelo contrário, o solo argentino é RICO em FÓSSEIS! Créditos pela foto: MEF |
Este é um dos principais fatores para essa diferença de quantidade de espécies em ambos países.
Mas se o Brasil tinha poucas épocas boas, com água e comida no Cretáceo, e suas rochas foram e ainda são intemperizadas... como é possível que exista paleontólogos trabalhando ainda no Brasil?
É meio ignorância de nossa parte pensarmos deste modo! Mesmo que o Brasil pareça ter sido o INFERNO DO REGISTRO FÓSSIL, não quer dizer que não tenhamos chances de encontrar incríveis descobertas em nosso país. O número de espécies de dinossauros que um país possui, não reflete completamente na verdadeira BIODIVERSIDADE pré histórica que o ele já possuiu.
Há muito ainda a ser estudado e coletado, por isso, se você, pretende ser paleontólogo no Brasil mas agora está com medo de não encontrar nada... não se preocupe! O Brasil como é rico em cultura, também é rico em rochas da era Mesozoica. Há locais que nenhum paleontólogo ousou a cavar ainda, por isso podemos colocar uma CONTINUAÇÃO nas descobertas de dinossauros em nosso país. Não se reprima, sempre haverá fósseis de dinossauros e muitos outros organismos para encontrarmos aqui, no Brasil.
O BRASIL AINDA PODE VENCER NA PALEONTOLOGIA E NA COPA! HEHE :D
REFERÊNCIASO Guia Completo dos dinossauros do Brasil / Luiz E. Anelli; ilustrações de Felipe Alves Elias. --
São Paulo: Peirópolis, 2010. Páginas: 87, 88, 89, 90, 96, 99, e 102.
"Adoraria deixar explícito que o livro dito acima do Luiz E. Anelli foi uma grande fonte de buscas e pesquisas para eu poder elaborar esta postagem. Por isso gostaria de deixar como critério à grande ajuda que este renomado autor e paleontólogo, me passou".
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