Processos e Tipos de Fossilização
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Processos e Tipos de Fossilização


Tudo na natureza surge por meio de processos, etapas e ações. É claro, isso não seria diferente com relação aos fósseis. Nessa postagem, nossa encruzilhada nos levará a uma viagem de mais de 11.000 anos no passado, onde iremos compreender como um organismo (vegetal ou biológico) acaba se transformando em fóssil, que no qual preserva informações valiosas sobre o passado da Terra!

 1. PRESERVAÇÃO DOS FÓSSEIS
A fossilização de um organismo é resultado de ações e processos químicos, físicos e biológicos, que atuam no ambiente deposicional (onde o organismo foi soterrado). Organismos com partes biomineralizantes por carbonatos e fosfatos (partes duras), tem mais chances de se fossilizarem do que seres que possuem apenas partes moles, já que dificilmente sobrevivem aos agentes de decomposição; mas mesmo assim, em alguns casos, pode ocorrer a preservação parcial dos últimos no registro geológico (a fauna de Ediacara, por exemplo).

Um processo de fossilização ocorrida em depósito fluvial ou lacustre. Créditos pela imagem: UFRGS

1.2. COMO ACONTECE?
Após a morte do organismo (ou durante ela, no caso de uma morte instantânea - veja aqui), as partes moles (pele, órgãos, tecidos moles) entram em estado de decomposição (putrefação ou necrólise), devido à ação de bactérias; já as partes duras, permanecem, porém, sujeitas às condições ambientais e naturais que poderão ocasionar em sua destruição ou desgaste natural.

Processo de desarticulação dos ossos. Tal processo (estágio) ocorre após a decomposição
dos tecidos moles do organismo. Depois disso, os ossos ficam soltos e espalhados
onde ficam propícios à destruição ou desgaste natural. Créditos pela imagem: UFRGS
A fossilização irá interromper este processo de deterioração, por isso é um fenômeno essencial para a paleontologia! O registro fóssil contêm muitos hiatos (veja aqui o que são hiatos), pois a esmagadora maioria dos organismos que existiram não se fossilizaram. Talvez por não haver ocorrido soterramento, ou até mesmo pelo registro geológico ter sido afetado por intemperismo ou diversos outros fatores de destruição, em uma determinada região (no alto de morros, por exemplo)! Apenas uma parcela de seres vivos tiveram tal sorte de preservação.

Processo de fossilização. Desde à morte do animal, até o afloramento (descoberta dos restos fósseis).
Créditos pela imagem: Mybrainsociety.blogspot.com (autor desconhecido).

2. TIPOS DE FOSSILIZAÇÃO
Os restos orgânicos ou vegetais podem se fossilizar em diferentes modos, dependendo dos fatores químicos e substâncias que atuaram neste depois de sua morte. Os fósseis são reunidos, então, em dois grandes grupos: restos e vestígios.

RESTOS esqueletais, que são compostas por partes duras e resistentes.
Fósseis no Lufeng Dinosaur Quarry of China. 
Restos: são as partes mais resistentes do organismo, tais como conchas, dentes, ossos que são denominados de partes duras. Porém, em certas ocasiões são encontradas restos de partes moles preservadas como vísceras, pele, músculos, que têm ajudado muito aos cientistas para compreenderem a anatomia e fisiologia destes organismos. Os restos vegetais são um pouco mais difíceis de se estudar pois, folhas, caules, polens encontram separados nos sedimentos.


A preservação das partes moles é um evento incrível! Após a morte do organismo, ele irá entrar em decomposição, onde sua única fisionomia estará sendo perdida. Sendo assim, como poderá ser preservado algo tão frágil como um tecido ou um músculo? Alguns processos excepcionais podem ocorrer, onde tais organismos acabam se preservando, com partes moles e até mesmo partes duras (se possuir).

O âmbar é um tipo de preservação
de partes moles, muito comum
em relação à preservação
de insetos, pólen e répteis.
Tais processos são: mumificação que ocorrem em certas regiões desérticas e áridas; congelamento em locais glaciais como na Sibéria, por exemplo, onde diversos mamutes são encontrados congelados em perfeito estado de preservação; e a ocorrência de âmbar, onde insetos, vegetais, e tetrápodes acabam ficando presos na seiva grudenta de árvores gimnospérmicas ou angiospérmicas.


A preservação das partes duras podem ser preservadas por meio de vários processos: incrustação, permineralização, recristalização, substituição e carbonificação.

Na incrustação, as substâncias que são transportadas pela água, acabam se cristalizando-se na superfície do resto, revestindo-a por completo, preservando assim a parte dura. É um processo bem comum em seres vivos que acabam mortos ou transportados para cavernas ou buracos.
permineralização ocorre quando um mineral preenche os poros ou cavidades existentes no organismo. Os ossos e troncos de árvores são bastante propícios para este tipo de preservação, pois possuem muitos poros. Minerais como o carbonato de cálcio (CaCO3) ou a sílica (SiO2) são carregados pela água e acabam penetrando nas cavidades da estrutura.

Para explicar melhor: imagine que estes dois tubos são as cavidades do organismo. O mineral irá preencher
ele por dentro, preservando então sua estrutura natural. Autor da foto desconhecido.
No caso da recristalização, ocorre uma modificação na estrutura cristalina do mineral original. Exemplo: um tipo de concha que contêm pequenas moléculas como o carbonato de cálcio, pode ocorrer modificação, se transformando em um outro tipo de carbonato de cálcio. Isso faz com que a concha se torne um fóssil, por causa desta troca.

Molusco bivalve com alteração de minerais de Aragonita recristalizada
para calcita nas demais porções do fóssil. Créditos à UFRGS.
A carbonificação ocorre mais comumente em restos vegetais ou organismos com partes moles. Tais restos acabam sendo esmagados pelo peso ou compactação da rocha. Durante este processo, gases como hidrogênio, oxigênio e nitrogênio são liberados devido ao calor e compressão. Assim acaba restando apenas uma película de carbono do organismo.

Exemplo de carbonificação recorrente a uma planta licófita. Perceba na cor preta que o
vegetal ficou. Créditos à UFRGS.
Existe também um processo chamado substituição onde o mineral que constitui as conchas acaba sendo substituído por outro durante o processo de fossilização. Neste caso os fósseis são réplicas das conchas originais! É o processo mais comum observado em fósseis de dinossauros e crocodilos, por exemplo.

Concha de braquiópode. Há uma substituição do material original da concha.
Houve substituição de Calcita para Pirita. Créditos à UFRGS.
Vestígios: são evidências da existência de organismos ou de suas atividades. Os icnofósseis representam esse grupo (confira uma postagem sobre icnofósseis clicando aqui).

Pegadas são um tipo muito comum de icnitos, ou melhor dizendo, vestígios fósseis.
Grande trilha de pegadas de dinossauros sauropodomorfos na Bolívia.
CURIOSIDADE: segundo o maior número de pessoas, somente os restos ou vestígios de organismos com mais de 11.000 anos são considerados fósseis. 
Todos estes processos contêm um estudo minucioso e de suma importância. A tafonomia é o ramo da paleontologia que estuda os processos de transporte dos organismos antes da diagênese/fossilização, e como esses processos afetam a qualidade do posterior fóssil. Este assunto iremos tratar mais adiante com você, leitor. Não deixe de acompanhar os DETETIVES!

REFERÊNCIAS

Ufscar - Museu de História Natural "Prof. Dr. Mário Tolentino". CLIQUE AQUI.

Paleontologia: conceitos e métodos, volume 1/editor, Ismar de Souza Carvalho. - 3° ed. - Rio de Janeiro: Interciência, 2010. Páginas. 5, 7 e 8.



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