Bioestratigrafia e datação relativa de estratos
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Bioestratigrafia e datação relativa de estratos


Já parou para pensar como os geólogos ou paleontólogos sabem a idade das rochas? Ou melhor, sobre as idades de início e término de cada período geológico que a Terra já passou? E como isso ajuda a paleontologia? Bem, logicamente essas perguntas têm respostas! Você verá a seguir como os cientistas descobrem as respostas para essas e mais perguntas que irão beneficiar tanto à geologia quanto à paleontologia.

ESTRATIGRAFIA
Antes de chegarmos no tema central deste texto, nós precisamos entender primeiramente o que é a estratigrafia
A estratigrafia é a ciência da Geologia que estuda as camadas de rochas sedimentares (estratos), sua descrição, interpretação, e, por fim, sua relação com outras camadas mútuas. A estratigrafia possibilita cientistas a mapearem e organizarem os corpos rochosos que formam a crosta terrestre, como também a sua distribuição e relações entre espaço e tempo para interpretar a história geológica do planeta. E não podemos esquecer que a estratigrafia também permite-nos descobrir o determinado período ou idade que organismos extintos predominaram, pela observação da posição dos restos orgânicos ou vestígios fossilizados!

BIOESTRATIGRAFIA
Agora, estamos prontos! Já temos, então, uma noção do que é estratigrafia, e, assim, ficará mais fácil entendermos o tema central: a bioestratigrafia
A bioestratigrafia é um ramo da estratigrafia que tange a paleontologia. Na bioestratigrafia, a idade das camadas rochosas são definidas pela ajuda dos fósseis, que são encontrados nas mesmas. Esses fósseis, também chamados de "fósseis guias", são encontrados amplamente, em termos geográficos, e ocorrem durante um breve espaço de tempo e um ótimo potencial de preservação -- são características excepcionais para dar apoio e precisão durante a datação aproximada de estratos e camadas.

Vamos para um exemplo básico. Os Rincosaurus são encontrados em rochas do Triássico Superior. Sendo assim, se um paleontólogo encontrar restos de um Rincosaurus pouco fragmentado¹, obviamente irá saber que esta camada em que seus restos estavam depositadas, pertencem ao Triássico Superior. Certo? Mas como os cientistas chegaram a descobrir estes métodos? Vejamos...
¹ Caso o fóssil for encontrado muito fragmentado poderá ser interpretado com idade errada. Em lugares onde há alto grau de erosão, o fóssil depositado originalmente em camada de idade X pode ficar exposto. Com a exposição e por intermédio de agentes transportadores (rio, vento, desmoronamento, etc.), o fóssil pode ser carregado e depositado em camada com idade mais recente. Nesse transporte, ocorre a fragmentação do mesmo e acúmulo de outros fósseis em zonas preferenciais da bacia sedimentar.

DATAÇÃO RELATIVA DE ESTRATOS
Inicialmente, um dos maiores desafios para os paleontólogos e cientistas afins foi descobrir métodos eficientes para determinar a idade das rochas, ou principalmente de um fóssil, para responder as grandes questões: Há quanto tempo eles se formaram e predominaram?
A datação relativa trata-se de comparar a rocha analisada com outras, e tentar encontrar uma sincronização, ou uma relação, entre elas. 

Princípio da Identidade Paleontológica: proposta por William Smith, onde as camadas que tiverem o mesmo tipo de fóssil, são então sincronizadas; mesmo se estiverem em posições diferentes.
William Smith (1769-1839), pioneiro na geologia inglesa, disse que os fósseis podem ser utilizados para relacionar as camadas. Esse é um dos métodos para se encontrar relação entre estratos, Biocorrelação.

Figura - 01: Princípio da Identidade Paleontológica, proposta por William Smith



Princípio da Intersecção de Estratos: se uma estrutura geológica (falhas) ou corpos de rochas discordantes (plútons, diques) interferem alguma camada, esta será mais antiga do que a intrusão e/ou estrutura.
Como exemplo a Figura-02: interpreta-se que inicialmente havia a camada 7, e pela irregularidade com o contato com a camada 6 pode se dizer que houve um período de erosão entre as formações desses dois tipos de rochas, o que não ocorre com as deposições simultâneas das camadas 6, 5, 4, 3, 2 e 1, nessa ordem. Percebe-se então que ocorre uma intrusão (plúton), por ser um corpo de rocha que discorda do pacote inteiro. Nota-se também que o lado direito da Figura está relativamente mais para cima do que o outro lado, por conta de uma falha de empurrão 9. Por fim, para deixar o topo da camada 1 irregular, aparece a erosão, ocasionando até mesmo o desaparecimento da camada na porção direita da Figura. Logo, a ordem das idades dos eventos seria, da mais antiga para a mais recente, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 8, 9 e 10.


Figura-02:  Exemplo de Princípio de Intersecção de Estratos


Princípio da Continuidade Lateral: se estratos idênticos estiverem distanciados ou em sítios diferentes, ainda assim conterão a mesma sequência estratigráfica e a mesma idade, como visto na Figura-03.

Figura-03: Princípio da Continuidade Lateral

Sendo assim, podemos concluir que ambos ramos, tanto a estratigrafia quanto a bioestratigrafia estão ligadas e possibilitam uma auto-ajuda de suma importância, uma com a outra. Sem os fósseis não seria possível relacionar as mais antigas ou mais recentes rochas ou estratos, como também sem as ligações e sequências estratigráficas determinar a idade exata de organismos idênticos ou diferentes em LOCAIS distintos!

Depois de Tudo isso, o Grand Canyon pode ser visto com outros Olhos! 
Será que você consegue correlacionar os estratos?

REFERÊNCIAS

Paleontologia: conceito e métodos, volume 1/editor, Ismar de Souza Carvalho. - 3 ed. - Rio de Janeiro: Interciência, 2010.

PaleoBlog: http://goo.gl/sfBbym (veja mais sobre os métodos de relação de estratos neste site).

UFRGS: Tempo Geológico - http://goo.gl/0B3S7E



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