Intuições visuais da sociedade brasileira
Educação

Intuições visuais da sociedade brasileira



Nesta postagem uso recursos inspirados na teoria dos grafos para motivar discussões e eventuais revisões sobre a estrutura social de nosso país.

Na imagem abaixo sugiro uma visão um tanto simplificada de parte das redes sociais de nossa nação. De forma alguma as flechas (arestas orientadas) definem relações de influência em algum sentido absoluto, mas apenas de predominância.

Claramente estou ignorando nós (vértices) fundamentais da sociedade brasileira, como saúde, justiça e segurança pública. No entanto, meu objetivo é oferecer uma perspectiva diferenciada de simples textos ou outras formas usuais de comunicação, como fotos e vídeos. Desta forma tenho a pretensão de estimular a propagação de formas imediatas de análise social pouco divulgadas no Brasil.

Minha sugestão no grafo acima é a de que o governo federal brasileiro exerce um papel excessivamente centralizador em nosso país, interferindo diretamente em políticas educacionais do ensino básico e do ensino superior, no comportamento do mercado e do consumidor e nas políticas e ações de empresas. Por outro lado, empresas exercem forte influência sobre políticas e ações governamentais por meio de lobbies e apoios financeiros em épocas de eleições. Como empresas interferem diretamente sobre o governo federal e este interfere no mercado, o sistema econômico brasileiro acaba assumindo uma tendência corporativista. E, ao contrário do que muitos pensam, corporativismo pouco tem a ver com capitalismo. Finalmente, existe uma influência muito maior do mercado sobre o consumidor do que do consumidor sobre o mercado. Portanto, o corporativismo alimentado em nosso país exerce influência praticamente unilateral sobre a população. Isso explica porque o consumidor brasileiro é tão pouco exigente, comprando produtos inferiores por preços excessivamente elevados, em comparação com outras nações. 

Neste contexto, o grafo acima sugere algo que parece difícil de contestar: o isolamento da educação básica e do ensino superior relativamente a demais nós da rede social brasileira. O ensino básico de nosso país é reconhecidamente um dos piores do mundo e, portanto, não encontra condições de retribuir socialmente com o resto da nação. É a velha história do povo sem educação que não pode agir sobre o sistema. E o ensino superior, representado por universidades públicas acomodadas e universidades privadas comprometidas com a simples emissão de diplomas, exerce influência muito aquém do que deveria. 

Por conta disso tudo apresento uma visão alternativa de estrutura social, conforme o grafo abaixo.

Nesta proposta o governo federal desempenharia papel secundário. Os nós centrais da rede deveriam ser educação básica, ensino superior e empresas. Além disso, os papeis sociais de certos nós deveriam ter um caráter mais colaborativo. 

Empresas deveriam ser influenciadas predominantemente pelo mercado, o qual trocaria relações de influência com os consumidores. Desta forma o destino de empresas estaria nas mãos do consumidor e não do governo federal. Além disso, o mercado receberia forte influência de uma educação básica mais forte, que viabilizaria uma população melhor informada e mais exigente. E, por conta disso, a educação básica trocaria relações de influência com governo federal e ensino superior. Já o ensino superior estaria mais conectado com demandas de empresas e da educação básica do que com agendas governamentais. Em contrapartida, empresas dependeriam de universidades em processos de inovação científica e tecnológica. 

É claro que a interpretação de tais relações colaborativas entre diferentes nós sociais também é tema de discussão. Afinal, a eventual influência do governo federal sobre políticas de educação básica poderia facilmente minar uma rede social inteira de maneira extremamente danosa. Intenções de centralização em redes sociais frequentemente danificam partes significativas de redes. Portanto, a mentalidade de governantes do futuro deveria estar muito mais focada em reflexos sociais de suas ações do que ideologias egoístas. 

O leitor pode até discordar de minha primeira proposta de estrutura social para um Brasil melhor. Mas dificilmente discordará da importância do emprego de grafos para fins de análise e reestruturação social de uma nação. Este recurso privilegia visões holísticas no lugar de visões dominantes de governantes que não conseguem enxergar além do próprio umbigo.

Nosso país já demonstrou em inúmeras ocasiões que consegue produzir mentes excepcionalmente brilhantes. Mas ainda falta a visão de que somos uma sociedade, na qual todos precisamos de todos.



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