Pesquisas relacionam níveis de escolaridade e expectativa de vida
Educação

Pesquisas relacionam níveis de escolaridade e expectativa de vida



Pesquisas internacionais têm reforçado a hipótese de que a educação, além de contribuir para a carreira profissional e a formação das pessoas, pode trazer outro benefício a longo prazo. Segundo estudos publicados recentemente, o tempo de escolaridade é um fator importante para uma vida melhor e mais longa.
Uma experiência implementada em escolas da Suécia na década de 50, com duração de 13 anos, proporcionou a pesquisadores da Universidade de Estocolmo o método ideal para verificar a influência de anos a mais de estudo sobre o tempo de vida. Com o objetivo de avaliar o sistema escolar de nove anos antes de aplicá-lo em todo o País, colégios de 900 municípios agregaram um ano extra ao programa escolar de então; as crianças ingressavam no ensino fundamental aos sete anos e cursavam nove séries em vez de oito. Ao mesmo tempo, alguns alunos seguiam matriculados no sistema convencional e atuavam como grupo de controle para fins comparativos.
Cerca de 1,2 milhão de crianças nascidas entre 1943 e 1955 foram incluídas na pesquisa, e nos 58 anos seguintes ao início da experiência, 92 mil morreram. Dados sobre as causas e a idade da morte foram coletados até 2007 por Anton Lager e Jenny Torssander, que analisaram os efeitos do "9º ano" sobre o risco de mortalidade dos participantes em um estudo, divulgado em maio no portal online da revista americanaProceedings of the National Academy of Sciences. No grupo de pessoas que haviam cursado o ano adicional, os pesquisadores encontraram menor incidência de mortes por câncer, acidentes, isquemia cardíaca e demais causas externas reconhecidamente ligadas à educação.
Mas, embora a hipótese que associa níveis de instrução e expectativa de vida não seja uma novidade, ainda é difícil explicar por que isso acontece. "Em toda associação existem mecanismos. Nosso estudo é bastante adequado para verificar se existe uma relação causal verdadeira - e ele sugere que haja - mas não tanto para identificar qual é o mecanismo exato", explica Lager, do Centro de Estudos para Equidade na Saúde da universidade.
Os benefícios da educação não são proporcionados pelo conhecimento em si, mas pela tradução do que é aprendido em cuidado com a própria saúde e segurança, no caso dos acidentes. Para o pesquisador, níveis de instrução superiores resultam em empregos melhores, com salários mais altos e na redução do risco de vícios como cigarro e álcool. Lager também não acredita que as diferenças socioeconômicas entre países como Suécia e Brasil produziriam resultados muito diversos se uma pesquisa semelhante fosse desenvolvida no País. "As crianças da pesquisa cresceram em condições econômicas e com um PIB como o do Brasil hoje", afirma.
Políticas públicas 
Os efeitos tardios da instrução adquirida nos anos iniciais sobre a expectativa de vida também foram estudados por Cleusa Ferri, professora afiliada da Escola Paulista de Medicina (USP). Cleusa foi coordenadora de um estudo que integra o programa 10/66 DRG, formado por pesquisadores de diversos países dedicados ao estudo de doenças crônicas como a demência e de mortalidade entre a população idosa.

Publicado em fevereiro no jornal de livre-acesso PLoS Medicine, o estudo analisou o efeito de fatores socioeconômicos - desde aqueles determinados em etapas iniciais da vida, como a educação, até outros definidos mais adiante, como profissão e aposentadoria - sobre as taxas de mortalidade em idosos da América Latina, Índia e China.
"No entanto, quando analisamos de forma a levar todos estes fatores em consideração juntos, observamos que a educação afeta os níveis de mortalidade no idoso independentemente destes outros fatores que ocorrem posteriormente", explica a professora. A conclusão de que a variável instrução era a única que se mantinha associada às taxas de mortalidade aponta para a importância de políticas públicas voltadas para a educação também para melhorar - e prolongar - a vida das pessoas. "Este achado sugere que acesso universal à educação pode proporcionar benefícios substanciais à saúde de gerações futuras", afirma Cleusa.
Outro motivo para o investimento na área se deve aos indícios verificados pelo estudo de que, provavelmente, a expectativa de vida estaria muito mais relacionada a fatores externos, como os níveis de desenvolvimento socioeconômico de cada país, do que a características biológicas individuais entre a população.
Brasil
Os números do último censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam um crescimento tanto da educação quanto da expectativa de vida no País: em 2010, o percentual de pessoas sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto foi de 50,2% - índice que, em 2000, era de 65,1% -, e a esperança de vida ao nascer aumentou cerca de três anos no mesmo período. No entanto, os dados não permitem conclusões precisas, pois não existem cruzamentos ou estudos que explorem especificamente a relação entre educação e índices de mortalidade no Brasil.

Apesar disso, a coleta de dados sobre a situação escolar do País é reconhecidamente relevante: além de medir os níveis de instrução dos brasileiros, as pesquisas sobre educação fornecem dados explicativos para outras áreas. "A educação é um tema muito importante pelo escopo básico que ela dá para o entendimento de variáveis como trabalho e saúde", explica Vanderli Guerra, pesquisadora do IBGE.
Vanderli comenta que, com base nos resultados das pesquisas, o nível de instrução normalmente tem relação direta com o rendimento médio dos indivíduos. Em sua pesquisa, a professora Cleusa também cita um estudo semelhante desenvolvido em Bambuí (MG), no qual níveis de escolaridade mais baixos se apresentaram como um dos aspectos associados a taxas maiores de mortalidade entre idosos.[Fonte: Terra]




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