O FUTURO DA APRENDIZAGEM
Educação

O FUTURO DA APRENDIZAGEM



Previsões para o Futuro da Aprendizagem

Por: Prof. Dr. Fredric Michael Litto

Recentemente, alguém me solicitou um trabalho de "bola de cristal"- tentar distinguir diferenças na educação do futuro, num horizonte de uns quinze anos pela frente. Evidentemente, teria que me concentrar em características fundamentais (as superficiais seriam apenas cosméticas, não essenciais), aquelas resultantes de muita pesquisa sobre a cognição humana e avanços tecnológicos.

Quanto mais pensei sobre a questão, tanto mais cheguei à conclusão de que o modelo educacional que prevalece entre nós já está defasado em relação àquilo que a ciência já sabe sobre como a mente humana funciona, especialmente com relação aos processos de aprendizagem, e às tecnologias já disponíveis no mercado e nem de longe aproveitadas na educação formal.

Será que daqui a quinze anos esta lacuna será eliminada, e o sistema de educação formal estará absolutamente em dia com as novas descobertas sobre a cognição e com relação à tecnologia? Ou, infelizmente, que é mais provável, a lacuna crescerá, fazendo das instituições de educação formal lugares de "faz-de-conta", divorciados do mundo real, enquanto instituições de aprendizagem informal (auto-aprendizagem com e sem o emprego de educação a distância, aprendizagem no local do trabalho, aprendizagem "em-cima-da-hora") serão os lugares de capacitação atualizada, através de pedagogias super-modernas?

Acredito que estamos caminhando para o cenário educacional pluralista, que oferecerá um leque grande de abordagens ao processo de aquisição de conhecimento e de habilidades. Escolas e universidades com características tradicionais, do mesmo jeito que são hoje em 2002, para alegria de pais e alunos nostálgicos, vão sempre existir. Mas está ficando cada vez mais claro que o futuro pode trazer, para a maioria dos aprendizes, os benefícios de uma nova forma de atuação educacional, uma que aproveita inteligentemente as novas tecnologias e os novos conceitos de aprendizagem.

Estão listados a seguir alguns indicadores de elementos estruturais que a educação (em todos os seus níveis) poderia ter, se deixássemos de lado os preconceitos do passado da sociedade em geral, o corporativismo da classe de profissionais da educação, e o pensamento fossilizado dos burocratas da educação.
1. Avaliação e avanço do aluno baseados na demonstração de competência na matéria estudada, e não no tempo que o traseiro do aluno fica no assento da sala de aula; assim, um "curso" pode durar 3 horas, 3 dias ou 3 semanas, e não, necessariamente, 3 meses; o "semestre" desaparecerá, e novos cursos começarão semanalmente.
2. Diminuição da divisão radical entre ensino médio, ensino superior e pós-graduação, permitindo aos alunos fazer cursos mediante demonstração de capacidade intelectual, artística e vontade.
3. O aluno será responsável, no todo ou em parte, pela montagem do elenco de disciplinas que quer cursar, mesmo ciente de que, eventualmente, terá que prestar exame do conselho regional profissional.
4. O aluno escolherá o sistema de aprendizagem que quiser: totalmente presencial (sala de aula), a distância (TV ou Internet), ou uma combinação dos dois.
5. O aluno receberá um diploma que, como passaporte, terá validade por tempo limitado, requerendo novos cursos para revalidação.
6. O conteúdo de cursos não será mais baseado no conceito de "informação de possível uso, caso seja necessária no futuro" ("just-in-case"), mas, sim, de "como encontrar a melhor solução para problemas no momento em que eles surgem" ("just-in-time").
7. Haverá grande uso de tecnologia, com alunos fazendo todos os seus trabalhos em multimídia, e professores orientando alunos sobre questões de interpretação de conteúdo, enquanto os alunos orientam os professores sobre questões de forma e tecnologia.
8. Com a expansão internacional da Internet de Terceira Geração, já funcionando no Canadá [40 gigabytes por segundo; ver www.canarie.ca], será possível, para alunos e professores, ter acesso, gratuito ou pago, a todos os grandes e pequenos repositórios de conhecimento do mundo, assim, derrotando a limitação atual de livros-texto desatualizados e o isolamento da sala de aula como conhecemos hoje.
9. Com e-books (livros eletrônicos) e e-paper (folhas que recebem da rede cargas elétricas com informação, que pode ser apagada e as folhas reaproveitadas), não haverá necessidade de colecionar livros - tudo estará disponível sob demanda, às vezes por um preço, às vezes gratuito.
10. O histórico escolar do aluno será composto de cursos feitos em muitas instituições, misturando algumas locais com outras continentalmente distantes.
11. A educação informal, feita via Internet, através de "comunidades de prática" compostas de especialistas espalhados pelo mundo, competirá com êxito com a educação formal feita como vemos hoje.
12. A influência controladora de ministérios e secretarias de educação será substituída por auto-regulamentação institucional em bases regionais e internacionais.
13. Alunos que assim o desejarem poderão fazer, via Internet, um curso com diploma de bacharelado totalmente automatizado, sem a interferência de professores humanos, a não ser que o aluno especificamente assim solicite - como já existe na University of Southern Queensland na Austrália - www.usq.edu.au
14. As primeiras experiências em laboratório surgirão com "chips" implantados nos cérebros de seres vivos, permitindo a "entrega de conhecimento" quando solicitado, via satélite ou outros meios sem fio, como no filme "Matrix". Favor notar que eu disse em laboratório; isso significa que será viável, mas ainda não uma prática comum.

Alguém quer fazer uma aposta comigo sobre estas previsões? Melhor: por que precisamos esperar quinze anos para sua chegada? Todas são factíveis e viáveis hoje. O que está nos proibindo de implantá-las hoje? Você, caro leitor, sabe muito bem...

Publicado no Site Aprendiz do Futuro
http://www.uol.com.br/aprendiz
Abril de 2002



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