HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA PARTE II
Educação

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA PARTE II



Texto 04

História da Antropologia Parte II

A Antropologia Evolucionista:
Demarcada pela discussão evolucionista, a antropologia do Século XIX privilegiou o Darwinismo Social, que pensava a sociedade européia da época como o apogeu de um processo evolucionário, do qual as sociedades aborígines eram tidas como exemplares "mais primitivos". Esta visão tomava como princípio o seu próprio modelo de “civilização”, para classificar, julgar e, posteriormente, justificar a dominação de outros povos. Esta maneira de pensar o mundo, a partir de sua concepção civilizatória, valorizando-a como superior, ignorando as diferenças entre os povos, tidos como inferiores recebe o nome de etnocentrismo.
Etnocêntrica, a concepção européia de homem se atribui o valor de “civilizado”, chegando a afirmar que os outros povos, como os das Ilhas da Oceania estavam “situados fora da história e da cultura”. Esta afirmação esteve muito presente nos escritos de Pauw e Hegel.
A teoria antropológica evolucionista:
Com fundamento nestas concepções, as primeiras grandes obras da antropologia, pensavam, por exemplo, o indígena das sociedades extra-européias, como o primitivo, o ancestral do ser humano civilizado. Embora isto tenha firmado e qualificado o saber antropológico como disciplina, centralizando seu debate no modo como as formas mais simples de organização social teriam, de acordo com aquela linha teórica, evoluído, para alcançarem as formas mais complexas destas sociedades, culminando, para os pensadores de então, na sociedade européia.
Nesta forma de apreender a experiência humana, esta é avaliada como idêntica, desenvolvida em ritmos diversos, e todas as sociedades, mesmos as desconhecidas pertenceriam a esta linha evolutiva, estando, somente, em etapas distintas. Isso balizou a idéia de que a demanda colonial seria "civilizatória", pois estaria levando aos povos ditos "primitivos" o "progresso tecnológico-científico" das sociedades tidas como "civilizadas". É preciso pensar estes equívocos como parte da visão de mundo da época, que pretendiam estabelecer as diretrizes gerais de uma lei universal de desenvolvimento. Pensando desta forma, por exemplo, Durkheim se valeu do estudo das manifestações totêmicas dos nativos australianos, para pensar a origem de todas as religiões. Partindo de tais premissas, surgem os conceitos de progresso e determinação.
O método da antropologia evolucionista:
O método se centralizava numa incansável comparação de dados, retirados das sociedades e de seus contextos sociais, classificados de acordo com o tipo (religiosos, de parentesco, etc), determinado pelo pesquisador, que lhe serviam para comparar as sociedades entre si, determinando-as num estágio específico, inscrevendo estas experiências numa abordagem linear, diacrônica, de modo que todo costume representasse uma etapa numa escala evolutiva, como se o próprio costume tivesse a finalidade de auxiliar esta evolução, e, portanto, os evolucionistas pensavam os costumes como se eles se demarcassem por uma espécie de substância, finalidade, origem, uma individualidade, não como um elemento da gramática social, interdependente de seu contexto.
Os pensadores da antropologia evolucionista:
A sistematização do conhecimento acerca destes povos, tido como "primitivos", se deu, predominante, em gabinetes, sem contato com estes povos, utilizando apenas os relatos escritos, de viajantes de diversos tipos. A produção dos antropólogos do período é o resultado desta compilação acerca das culturas humanas.
A Antropologia difusionista
A Antropologia Difusionista reagia ao evolucionismo, e foi contemporânea a ele.Privilegiava o entendimento da natureza da cultura, em termos da origem da mesma e da sua extensão de uma sociedade a outra. Para os difusionistas, o empréstimo cultural seria um mecanismo fundamental de evolução cultural. O difusionismo acreditava que as diferenças e semelhanças culturais eram conseqüência da tendência humana para imitar e a absorver traços culturais, como se a humanidade possuísse uma "unidade psíquica".
O surgimento da "linhagem francesa" na Antropologia:
Com Émile Durkheim começam a se definir os fenômenos sociais como objetos de investigação socio-antropológica, e a partir da análise da publicação de Regras do Método Sociológico, em 1895, começa-se a pensar que os fatos sociais seriam muito mais complexos do que se pretendia até então. No final do século XIX, juntamente com Marcel Mauss, Durkheim se debruça nas representações primitivas, estudo que culminará na obra Algumas formas primitivas de classificação, publicada em 1901. Inaugura-se a denominada " linhagem francesa" na Antropologia.
O século XX:
Com a publicação, de “As formas elementares da vida religiosa” em 1912, Durkheim, ainda preso ao debate evolucionista, discute a temática da religião. Marcel Mauss publica com Henri Hubert, em 1903 a obra Esboço de uma teoria geral da magia, aonde forja o conceito de mana. Vinte anos depois, seu livro, Ensaio sobre a dádiva tece o conceito de fato social total. Centralizada, inicialmente, na denominada “Etnologia”, a Antropologia Francesa, inicia, como disciplina de ensino, a partir de 1927, no “Institut d´Ethnologie del Musée de l´Homme” em Paris. Em seus anos início a disciplina se vinculara ao Museu de História Natural, porque se abordava a antropologia como uma subdisciplina da história natural. Ainda existia um determinismo biológico de acordo com o qual se considerava que as diferenças culturais eram fruto das diferenças biológicas entre os humanos.
Nos EUA, Franz Boas desenvolve a idéia de que cada cultura tem uma história particular e que a difusão de traços culturais direcionar-se a toda parte. Nasce o relativismo cultural, e a antropologia defende sua investigação atrelada ao trabalho de campo. Para Boas, cada cultura pertenceria a sua própria história. Para compreender, efetivamente, a cultura é preciso reconstruir a história da mesma. Surgia o Culturalismo, também conhecido como Particularismo Histórico. Deste movimento nasceria, posteriormente a escola antropológica da Cultura e Personalidade. Paralelo a estes movimentos, na Inglaterra, nasce o Funcionalismo, que enfatiza o trabalho de campo (observação participante). Para sistematizar o conhecimento acerca de uma cultura é preciso apreendê-la em sua totalidade. Para elaborar esta produção intelectual surge a etnografia. As instituições sociais centralizam o debate, a partir das funções que exercem na manutenção da totalidade cultural.



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